quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Aulas de 10 a 15 - Por uma política da diferença...em respeito às diferenças...

Neste texto quero apresentar minhas reflexões, um resumo a partir da leitura do texto proposto, "Por uma política da diferença" de Elizabeth Macedo e de análises feitas a partir da matéria "Dez anos de cotas nas universidades brasileiras: o que mudou?". O texto proposto trata sobre questões referentes aos conceitos de multiculturalismos e faz uma análise desses conceitos a partir na realidade brasileira. Propõe-se a pensar como tais conceitos afetam as "ações afirmativas" e discussões realizadas pelos movimentos sociais, principalmente o movimento negro no Brasil. Compreendendo que as diferenças mais presentes e discutidas de forma tolerável pela sociedade sejam as raciais e de gênero, pois as demais (sexualidades, socioeconômicas, religiosas, entre outras) são ignoradas, ainda não foram desgastados os debates sobre as políticas reparatórias, como as cotas raciais, que ainda são entendidos como benesses. Sob argumentos vazios de que tais políticas funcionariam apenas como uma reparação momentânea ou de que isso causaria um empobrecimento dos cursos acadêmicos, ainda vemos uma resistência às políticas de cotas, ainda que as mesmas já tenham alcançado de forma distributiva outros segmentos, como alunos oriundos de escolas públicas. Acredito que a maior dificuldade para a aceitação de que as cotas não não uma benesse e justamente compreendê-las como uma reparação das muitas desigualdades ainda presentes em nossa sociedade. Uma outra dificuldade é o entendimento de que tais políticas visam apenas facilitar o acesso de indivíduos que de outra forma não o alcançariam, pois socialmente são limitados à educação de baixa qualidade, o que dificulta o acesso por meio do vestibular amplo. A permanência de tais indivíduos dentro do espaço acadêmico ainda depende unicamente do esforço individual e não se pode ignorar que o rendimento de tais alunos nada deixa a desejar aos demais, contrariando o senso comum que define cotistas como menos capacitados.
A facilitação do acesso de indivíduos por meio das cotas também não os torna menos empenhados na permanência no ambiente acadêmico, pois já ficou provado que o índice de evasão dos cotistas também é menor. As cotas apenas serviram para demonstrar que as universidades públicas ainda são um ambiente elitizado, excludente e racista.
A exclusão ainda existe, ela permitiu que negros e pobres entrem nas universidades, mas ela ainda define para quais cursos eles podem ir e para quais eles não podem. As políticas de reparação em um país que discursa ser "multicultural" acabam por denunciar e desmascarar a ainda resistente hegemonia branca, machista e heterossexista. O reconhecimento de uma pluralidade cultural brasileira ainda depende de mudanças em nossas concepções e entendimentos sobre respeito à diversidade humana, pois "igualdade" não é o oposto de "diferença".
Tenho direito de ser igual quando a diferença me inferioriza. Tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza. (Boaventura)

Um comentário:

  1. Marcos, você fez uma análise interessante, principalmente, quando toma a discussão das cotas para universidades como parâmetros para problematizar diferenças. Seu foco foi bastante instigante. Sugere-se, porém, que trazer de forma mais sistemática os aspectos conceituais do texto seria interesante...

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