quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Um caminho de/por/para Inclusão...
Estamos caminhando para a finalização do primeiro semestre letivo de 2016. Como assim? Mas já estamos na metade de dezembro?! Eu sei que parece loucura, mas é assim quando se estuda em uma instituição pública de ensino. Porque?! Simples. A educação pública no Brasil nunca foi tratada como prioridade, mas nos últimos anos tem piorado muito. São atrasos nos salários, falta de repasses mínimos para manutenção dos serviços, terceirização/precarização do trabalho, entre tantas outras coisas. O resultado não poderia ser outro, GREVES. Sim, a greve ainda é o único caminho de a classe trabalhadora ser ouvida por essa burguesia medíocre que governa nosso país.
Talvez você diga:
-Mas de que adianta? Não muda nada!
Realmente, pouco tem mudado e provavelmente se a classe trabalhadora do Rio (principalmente professores)tivesse se acomodado e deixado quieto, a coisa estaria bem pior. Ma vamos mudar de assunto pois não é disso que vim falar, embora essa seja a provocação inicial.
Durante muito tempo (na verdade nem tanto assim) se achou que o Brasil vinha numa onda crescente de avanço contra o conservadorismo. Ledo engano nosso, pois ele apenas deu dois passos atrás para dar um gigantesco salto à frente, ou mais para trás ainda. Há pouco tempo a atriz Marieta Severo falava sobre os retrocessos que vivemos hoje e que não eram o que se anunciava na década de 1960. O Brasil pós ditadura militar parecia caminhar para a frente, mas pouco mais de trinta anos após nós parecemos entrar em um túnel do tempo e retroceder a 1964.
Não podemos nos iludir, os direitos que pareciam conquistas agora se esvaem no ar, como fumaça levada pelo vento. Direitos das mulheres, igualdade racial, direitos da população LGBT, nada está garantido. Mas o que fazer então? O caminho é justamente por onde eles querem fazer o bloqueio. A EDUCAÇÃO.
Em 1996 a Lei nº 9394 previa que tais assuntos deveriam ser tratados na escola como temas que atravessariam todas as disciplinas, porém isso não foi suficiente, havia que se avançar mais. Com a discussão no PNE (Plano Nacional de Educação) se pensou que o tema seria garantido como conteúdo obrigatório e então veio a surpresa. Movimentos conservadores em todo o país se articularam e conseguiram retirar não somente o tema da diversidade sexual, como em alguns casos até mesmo a de diversidade étnica e pasmem, em alguns casos foi retirado o termo "gênero" de planos municipais de educação.
É preciso então um movimento de resistência, pequenas ações cotidianas e que tragam os temas de diversidades para discussão na sociedade. Citarei algumas ações das quais tive a alegria de participar e colaborar e que tem colocado esses temas na pauta.
A ABHR (Associação Brasileira de História das Religiões) tem abordado os temas de gênero, diversidade sexual e étnica em diversos de seus simpósios e discutido o avanço de religiões fundamentalistas, além de apresentar outras possibilidades de se combater o conservadorismo.
Em Duque de Caxias, no dia 14 de novembro foi realizado o evento "Se Caxias Fosse Negra" onde o tema da diversidade étnica foi a tônica e a partir dele se discutiu a fé, a cultura, a arte e a expressão do povo negro na Baixada Fluminense.
Participei como ouvinte/palestrante discutindo uma cidade que não é para todxs, já que mulheres, LGBT's e jovens negrxs são as principais vítimas de violência nesse território. Meu assunto girou em torno de outras formas de se expressar a fé cristã, que não a forma hegemônica opressora, branca e excludente que temos consolidada em nossa sociedade. Mas esse não é o único caminho e nem o único local. No dia 18 do mesmo mês a E. E. Guadalajara realizou sua XVII Jornada Pedagógica e abordou o tema da diversidade sexual, com palestras e oficinas o tema foi discutido e apresentado aos educadores. No mesmo dia a equipe que trabalha o mesmo tema na ong "Terra dos Homens" no bairro Centenário, na comunidade da Mangueirinha se sentiu provocada a levar o tema para para seu espaço através da Amostra Cultural "Sexualidade e Gênero na Escola - A Diferença nos enriquece...o respeito nos une...".
Tive a alegria de levar minhas experiências para esses e outros espaços e discutir sobre diversidade sexual, gênero, preconceitos e religião contra-hegemônica em espaços como o "Simpósio (Trnas) Gênero e Religião" que ocorreu na UFSC e no Cine-Debate "Gênero, Educação e outras histórias", uma atividade realizada através da parceria do Sepe-Caxias (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) e a FEBF (Faculdade de Educação da Baixada Fluminense), que contou ainda com a presença ilustre do professor Ivan Amaro.
Ainda é possível resistir, mas não será aceitando as imposições do sistema político/religioso que golpeia nosso país. Educação se faz com e para a liberdade. Cada professor e professora deve levar esses temas para dentro de suas salas de aula e recheá-las com muitas discussões, debates e rodas de conversa. Como bem dizia Paulo Freire, "A educação sozinha não transforma o mundo, tão pouco porém sem ela o mundo se transforma"...
Sigamos então resistindo e sem TEMER!
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Excelentes colocações... Se não tem um assunto para o TCC, creio que aqui já há um embrião...ehehhe...
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